domingo, 25 de setembro de 2016

Por quatro anos eu me senti a maior incompetente do planeta terra.
Achei que nunca ia me virar, dar minhas aulas, procurar emprego, me sentir feliz sozinha, fazer amigos, ter companhias que realmente gostassem de mim e, pasmem, andar de bicicleta.

Cada dia que passa eu provo pra mim mesma que eu sou totalmente capaz, e mais, competente.
Cada dia que passa eu gosto mais de mim.
Gosto do meu jeito de trabalhar. Gosto de andar de bicicleta sozinha, ver filme e gargalhar sozinha. Gosto de beber. Gosto dos meus gatos e dos meus livros. Gosto das minhas gordurinhas e do meu cabelo verde.

Tudo que passou, graças a (insira aqui sua entidade favorita. a minha é a Paula Eike) passou. E tá tudo indo bem. Cada vez mais tranquilo. E eu também, mais tranquila e aprendendo a lidar com as coisas e aprendendo que com algumas não tem nada que eu possa fazer. Então: foda-se.

Minha companhia tá tão agradável hoje que acho até que aquele latão de bud na geladeira tá me merecendo.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Eu me sinto mole.
A minha vida tá mole.
Sem ossos.
Sou só um monte mole de alguma coisa que sobrou do que um dia foi gente.

Agora que coisas se encerraram e tão se encerrando.
Agora que as coisas deveriam começar a começar.
Agora que eu tinha tudo pra estar feliz.
Eu só me arrasto.
Molemente.
E passo os dias a vê-los passar.
Passo todos os meus minutos sentindo os braços pesados e as pernas bambas.

Meu travesseiro é meu lugar preferido no mundo.
Ver pessoas e ser obrigada a me esforçar pra tratar elas de qualquer jeito que seja é um suplício.

Só queria ficar de molho dentro de uma xícara de chá.
Ou dormir no meu sofá cama.
Ou me isolar numa bolha de silêncio.

E a culpa não é de ninguém.
Não tem ninguém me fazendo nada agora.
A não ser eu mesma.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Agora eu tenho um sofá cama e enorme e dois gatinhos (três, na verdade) pra dividir comigo.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Aqui em casa tudo é cupim.
O chá é morango com cupim.
O travesseiro não é de penas, mas de cupim.
Do chuveiro não sai mais água.
O saco do arroz é tudo, menos arroz.
Não se encontram aranhas dentro dos sapatos, mas cachoeiras de cupim.
To ficando tão louca que consigo ouvir eles caírem.

Acho que na verdade, somos nós os intrusos, como no filme Os outros.
Os cupins dominaram a casa.
Só queria alguma coisa que me permitisse aproveitar essa chuva maravilhosa, meu chá de marcela e essa música. Sem essa ansiedade. Sem essa falta de vontade da vida.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Gente, para tudo

Ganhei hoje, da minha tia, uma calça antiga (mas nem tanto) que ela tinha parada. Olhei o número e pensei "nunca vai entrar na minha coxa".
A calça, da Hering, era 40.
Eu parei há tempos de me importar com o número de calça que eu visto. Se o número que eu usava mês passado não serve, procuro na arara uma maior e levo se me sentir confortável. Bem simples. Não entro mais em nóia.


A calça que experimentei hoje, número 40, me serviu. E ficou ótima aliás.
Mas fiquei puta, pra variar. Ué, mas por quê?
Porque compro calças 46 na renner. Sim, a calça mais escura na foto é número 46, enquanto a mais clara é 40.

Fico puta, sim, porque os caras conseguem pôr na nossa cabeça que a gente "engordou". E grande bosta se a gente engordou, o nosso corpo, além de ser só uma casca, tem só que nos proporcionar coisas boas. Todas as nossas experiências - que são dadas através dos nossos sentidos - são incríveis e a gente precisa de um corpo pra ter elas. To-di-nhas. Então se alguém pôr na nossa cabeça que tem alguma coisa errada com o nosso corpo, as nossas experiências vão estar prejudicadas.
Apesar de esse texto tocar poucas pessoas, espero que todas nós nos sintamos mais confortáveis conosco. Com as peças e os números que usamos. E lembremos que os números são só mais um artifício pra nos fazer sentir erradas, diferentes, gordas (qual o problema disso? não entendo).

Acho legal que esteja tão forte esse negócio do plus size, mas ia ser mais legal se esses tamanhos só fossem confeccionados como todas as outras peças e nós não chamadas de numeração "especial". Odeio essas palavras: normal/especial. Nos diferenciam tanto das outras pessoas. E só pra deixar claro, porque parece ainda não estar: a gente não tem nada de diferente, de especial.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Quando os dias começam muito mal, um atrás do outro, eu tenho que parar, respirar, acordar em um novo dia com um café e uma torrada de queijo.
Só assim a gente quebra as energias ruins que circundam a nossa cabeça, só assim a gente interrompe um ciclo vicioso e desagradável.
Meu café tá no fim, mas meu dia tá recém começando.
Tá uma chuva linda na rua (há umas três semanas). E eu não aproveitei nenhum dia dela.
Terminei um livro ontem e não dei importância pra isso.
Desci a máquina de escrever e ainda não escrevi nada relevante.

"Esta é a hora, este é o momento, isto
É quem somos, e é tudo."

Vou colher o dia, porque sou ele, e só isso: esse pequeno instante que é o agora.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Tem dias que não consigo desacreditar das outras vidas (apesar de racionalmente, elas não fazerem nenhum sentido pra mim).

Um dia apareceu na faculdade um cara que eu tinha certeza de que conhecia, mas como pareceu não me reconhecer, fiquei na minha. Um dia ouvi o nome. Não era Felipe.
Ontem, saindo da aula, conversávamos e falei pra ele como ele me parecia um amigo do colégio. Ele disse que desde a primeira vez que me viu, teve certeza de que eu não era estranha, de que já nos conhecíamos.
Somos, ambos, de Pelotas, mas nunca nos cruzamos antes da faculdade.
É uma daquelas pessoas que tu sente uma coisa boa por ter perto (mesmo que isso seja só nas cadeiras da faculdade).
Incrível, mas isso não sai da minha cabeça.
É como a Magda sempre conta que a primeira vez que ela me viu, tinha uma luz no meu ombro e ela teve certeza de que a gente já se amava há muito muito tempo.

quarta-feira, 16 de março de 2016

A gente sempre fala de comida de vó, de comida de mãe. Que são maravilhosas, são mesmo. Mas a gente tá esquecendo de falar de comida de tia.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Das loucuras que eu mais gosto de cometer: entrar no site da saraiva e gastar 120 reais em livros.
É, eu sei, eu tava tentando juntar uma grana. Mas a saraiva é tão amorzinho.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Tomei um banho.
De mangueira.
Pela vizinha que aguava as plantas.

O computador passa bem.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

aquele momento triste da ida no super que tu passa correndo desesperado por um corredor em buscar de saco de lixo e tem certeza de que a claudia leitte tá agachada fazendo xixi num cantinho. era só um cartaz.
super mercado em sexta-feira dia de pagamento véspera de carnaval faz mal pro ser humano.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A gente tem mania de achar que o problema maior é sempre nosso.
E esse negócio de corpos é muito complicado. Eu sempre vou achar que o meu é o pior; enquanto todas as minas vão achar que os delas são piores; e ultimamente percebi que até os caras são noiados.

A gente precisava era aprender de uma vez por todas a se amar. E ponto final.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Eu uso isso aqui pra brincar. Mas cansei de brincar. Porque o mundo não tá brincando com a gente e acho que tá mais que na hora de abrir a boca e gritar na cara de quem não nos respeita.

Ontem, tava esperando na parada do ônibus, e passaram dois caras em uma moto e mexeram comigo.
Eu sempre fui muito quietinha, muito envergonhada, muito de achar que deixa pra lá, que é melhor ignorar. Mas vivi nos últimos anos várias situações abusivas (sem percebê-las como tal) e cheguei à conclusão de que eu não posso deixar as coisas como elas tão e me fazer de louca porque é mais fácil.
Logo, passaram esses caras e o quê eu fiz? Mandei eles longe. Pode não ter sido a melhor resposta, mas era a maneira possível de eu me impor naquele momento. Tu acha que teria condições de esses caras descerem da moto e a gente ter uma conversa sobre respeito, sobre violência? Se, por um acaso, eles descessem, seria pra, no mínimo, me xingar.
Não satisfeitos de passar uma vez, eis que os vejo voltando, dessa vez três homens em duas motos. E passaram pra gritar comigo. Me chamaram de gorda (nossa, parabéns, vocês não imaginam como as minhas gordurinhas tão chorando agora), de vagabunda, me mandaram longe e várias outras coisas que não consegui distinguir em meio à enxurrada de xingamentos.
E o que eu fiz dessa vez? Nada. Porque eu tenho medo. E fico pensando quantas vezes, pra revidar de uma agressão, a gente tem que correr, fugir com medo.

Mas, então, o ponto que eu quero chegar com tudo isso é nessa violência mascarada de "elogio".
Caras, vocês precisam perceber que não, não é legal, ser olhada, julgada e comentada na rua. Vocês passam do limite da boa convivência (pra não dizer de outras coisas) quando invadem o meu espaço e o meu direito de tá lá, na rua, pegando o meu ônibus, ou tomando a minha cerveja, ou fazendo a porra que eu quiser, assim como vocês.
É sobre aquela velha máxima de o teu limite de liberdade ser o início dos meus direitos.

Mas essa situação de ontem aconteceu porque eu não concordei com as atitudes deles. Porque eu me impus contra os donos do mundo. Se eu tivesse baixado a cabeça, eles teriam ido embora rindo satisfeitos por o mundo ter feito mais uma bostinha quietinha. Eles voltam por se sentirem ofendidos (????). Eu ofendi o direito deles de objetificarem e assediarem mulheres? Eu ofendi eles por não ter me calado perante a violência?

E, ah, caras, vocês aí que tão passando agora numa parada de ônibus qualquer e gritando pra uma mina sozinha, deem uma olhadinha nisso.


É uma merda que a gente tenha que passar por isso tantas vezes e que algumas de nós tenham naturalizado isso e achem que somos loucas. Mas desejo a todas nós que sempre tenhamos forças pra mostrar um lindo e grande dedo-feio nessas situações.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Eu não acredito em conselhos e avisos.
Eu não acredito que nós, seres humanos, sejamos inteligentes a ponto de ouvir o que as pessoas dizem.
A gente aprende é quebrando a cara. Independente de quantas pessoas nos disserem que aquilo vai dar errado.

Pensando desse jeito, acordei nesse 2016 louco (que pra mim tá igual a ontem) pensando que 2015 foi bom, sim: pra aprender a não ser trouxa. Porque conselhos sempre me deram, mas esse ano, vou te contar, tomei no cu pra mais da conta. Logo, aprendi. Logo, não vou fazer de novo. Logo, valeu de alguma coisa.