terça-feira, 14 de abril de 2015

Tendo uma DR comigo mesma

Hoje, dando minha pedalada habitual rumo à academia, parei de olhar pra roda da bicicleta e me dei de conta de onde eu tava.
É tudo tão grande e incrível e a gente nem percebe porque tá vidrado num quadrado eletrônico.
Pedalar é uma daquelas coisas, pra mim, que eu faço só porque gosto. Não tenho obrigação e faço ainda assim. Ir pra academia tem sido prazeroso também, apesar de eu ser preguiçosa e fiasquenta.
Daí tava eu lá, fazendo meu exercício no meio de mais um monte de gente que também tava fazendo o seu e acordei pra vida. Percebi o quão grande é tudo isso e o quão pequenos somos nós.
Ontem mesmo, quando tava indo, vi uma revoada de passarinhos que acordavam e saíam dos ninhos. Dezenas, centenas de passarinhos. E ainda assim eu consegui chegar na academia de mau humor.
Tudo é mau humor. Ir pra faculdade é mau humor. Escolher o que eu vou vestir é mau humor. Nem ler eu leio mais - nem por prazer, nem por obrigatoriedade.
Daí me deu pra parar e pensar:
1. Eu não sei porque eu tô aqui, pode ser que eu só faça parte de um ciclo orgânico ou pode ser que eu seja parte de uma coisa mística muito maior. Mas independente do motivo, eu tô aqui e ninguém pode mudar isso. Eu posso, então, continuar a ser uma chata e afastar todo mundo de mim OU me esforçar pra ver o lado bom das coisas pra levar uma vida mais leve, até porque viver é uma experiência do caralho, tudo que a gente pode aprender, tudo o que a gente pode fazer: é absurdo.
2. Fazendo parte ou não de "algo muito maior" (le-sê: místico) eu faço parte do ciclo da vida, o que é muito louco: pensar que eu tenho órgãos dentro de mim funcionando nesse segundo em que eu escrevo, que pra que eu escreva muitas ligações tão sendo feitas no meu cérebro ou sei lá eu o que, que pra coçar meu nariz um monte de coisa tem que funcionar. Quando eu paro pra pensar nisso eu meio que piro, porque parece louco demais pra ser real.
3. E eu não tô sozinha, tem tanta coisa acontecendo agora e tinha tanta coisa acontecendo enquanto eu pedalava hoje mais cedo. As folhas das árvores, todas verdinhas e lindas, com aqueles tons diferentes, uma em contraste com a outra, sendo mexidas por aquele vento que também tava bagunçando a minha franja, que também tava fazendo cortinas balançarem e corpos se aliviarem do calor. Tudo tá junto, interligado, acontecendo porque sim, por que é assim que tem que ser.
Daí comecei a me sentir uma porcaria por não perceber como tudo é maravilhoso e extraordinário e ficar remoendo meus pequenos ódios dentro do meu universo particular.
Nem a fluoxetina tem me ajudado a me manter com a cabeça longe das coisas ruins. Daí ganhei uma grana de páscoa e pensei: vou na psiquiatra. Não, não vou: vou castrar o Téo e fazer uma terapia diferente (ir na Vanguarda gastar todo o dinheiro que sobrar em livros de contos).
Aliás, tá aí uma coisa que só me faz bem: Teoria do Conto. Preciso me reaproximar do que me faz bem e me distanciar da minha própria cabeça quando ela me fazer mal.

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