domingo, 11 de abril de 2010

Friage

Frio. Daquele que os pés doem. Que as orelhas e o nariz gelam. A boca racha. O vento que corta, junto com o sol que aquece nossas mãos em meio a tantos casacos. Inverno, por mais rigoroso que seja, é perfeito. Um daqueles dias que tu põe 67 meias e os teus pés parecem que empedraram. 92 casacos e tu ainda treme de frio. Manta, toca, luvas, abafadores de ouvido (os mesmo que protegem contra o grito dos filhotes de mandrágoras), edredons, pantufas, calças de abrigo, blusões, jaquetas, moletons, meias de lã, polainas, abafadores de nariz e tudo o mais que aqueça-nos. Aqueles dias que tu faz uma pipoca com leite moça, convida a Ju pra vir ver um fime, e se enrolam em 493 cobertas e só deixam os olhos de fora, e ainda assim, tremem. Aqueles dias que tu tem que acordar as seis e meia da manhã pra tomar banho, que fica prolongando "mais cinco minutos" e acaba se rendendo ao frio e saindo das cobertas, indo tomar um banho que parece que ao inves de aguá quente te caem cubos de gelo na cabeça. Aqueles dias que tu solta um ou dois períodos antes da aula e senta no pátio do colégio e "lagarteia" feliz da vida, com o vento chicoteando teus cabelos contra o rosto. O sol doi um pouco na pele, mas tu nem da bola, porque te sentes um pouco mais quente. E todo mundo senta na tua volta, e conversa, e ri, e brinca, naquele diazinho frio e ensolarado (que nem a Ju gosta). O céu de brigadeiro, as árvores dançando no compasso da brisa. Aquele diazinho comum e feliz. Aquele dia que como minha avó diz: "De renguear cusco".

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